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Este blog está a ser desenvolvido por alunos do 3º Ano de Farmácia, do Instituto Politécnico de Bragança, no âmbito da Unidade Curricular Farmacoterapia I. Neste espaço pretendemos abordar, ao longo do semestre, informação útil acerca de Infecções Fúngicas, nomeadamente as suas caracterizações patológicas e respectivos tratamentos farmacológicos.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Micoses Cutâneas

Dermatofitose

As dermatofitoses, ou tinhas, são micoses superficiais provocadas por fungos queratinofílicos chamados dermatófitos, que englobam os géneros Epidermophyton,  Microsporum e Trycophyton. Os dermatófitos são fungos filamentosos, que formam hifas organizadas em micélios. Alimentam-se da proteína humana queratina. Infectam os tecidos superficiais constituídos por células mortas e queratinizadas, como as da pele,  pêlos  (incluindo cabelo) e unhas, mas não afectam os tecidos vivos.

Há três géneros relacionados de dermatófitos:
1.   Trichophyton: as espécies mais importantes são T. Tonsurans,  T. Mentagrophytes,  T. Rubrum e T. Shoenleinii.
2.   Microsporum: as espécies mais frequentes são M. Audouinii,  M. Canis,  M. Gypseum.
3.   Epidermophyton:  E. Floccosum.

  • Sintomatologia


As dermatofitoses manifestam uma ampla variedade de apresentações clínicas, que podem ser afectadas por factores como as espécies de dermatófitos, a quantidade de inóculo, o local da infecção e a condição imune do hospedeiro. Qualquer manifestção patológica pode resultar de várias espécies de dermatófitos.

1.   A Tinea corporis: afecta a pele sem pêlos do corpo. É a que possui mais incidência, sobretudo nas pessoas mais obesas. Causada pelos fungos M. Canis ouT.mentagrophytes.
2.   A Tinea pedis  (o vulgar "pé-de-atleta"), caracterizada por lesões vesiculosas a nível dos espaços interdigitais ou lesões com escamação nas regiões plantares do pé. Causada pelas espécies T.rubrum,  T.mentagrophytes ou E.floccosum.
3.   A Tinea Cruris, caracterizada por lesões eritemato-escamosas (vermelhas) a nível das regiões inguinais (zona dos genitais).
4.   A Tinea unguium: tinha das unhas, pode ser causada por quase todas as espécies de dermatófitos e as lesões apresentam um aspecto variável, desde simples manchas esbranquiçadas a espessamentos com destruição da lâmina externa da unha e hiperqueratose subungueal (unha amarela grossa).
5.   A Tinea barbae é causada por agentes dermatófitos zoofílicos (de animais) e a sua incidência, além de baixa é quase exclusiva de meios rurais. As lesões são localizadas na face, na zona com barba e podem ser superficiais (anulares com bordos vesiculo-pustulosos) ou profundas (massas nodulares infiltradas de cor vermelho-arroxeada).
6.   As Tinea capitis tem como agente etiológico T. Schoenleinii surge em qualquer idade e é caracterizada pelo aparecimento de placas escamo-crostosas de cor amarelada, em forma de favo e com o "cheiro a rato". Leva à queda do cabelo e pelada definitiva.
7.   A Tinea tonsurante tricofítica tem como agentes T. Tonsurans,  T. Violaceum e T. Rubrum, e é caracterizada pelo aparecimento de muitas mas pequenas placas onde o cabelo cai (as placas contêm os cotos do cabelo tonsurado). Estes voltarão a crescer, pois a tinha evolui para a cura espontânea, normalmente na puberdade, embora possa vir a persistir no adulto.
8.   A Tinea tonsurante microscópica tem como agentes M. Canis e M. Audouini, e surge de uma forma muito contagiosa, principalmente nos jovens. É caracterizada pelo aparecimento de placas grandes e de limites circulares, ao nível das quais a tonsura é total. Cura espontaneamente na puberdade sem deixar vestígios.

  • Diagnóstico


O diagnóstico laboratorial das dermatofitoses conta com a demonstração das hifas fúngicas pela microscopia directa de amostras de pele, cabelo, ou unha e o isolamento dos organismos em cultura.

  • Tratamento

As infecções dermatofíticas que são localizadas e não afectam o pêlo ou as unhas, em geral, podem ser tratadas efectivamente com agentes tópicos; todos as outras requerem terapia oral. Os agentes tópicos incluem azóis (miconazol, clotrimazol, econazol, tioconazol, e itraconazol), terbinafina e haloprogina. A pomada de Whitfield (ácido benzóico e salicílico) é um óptimo agente contra dermatofitoses, porém a resposta é, em geral, mais lenta do que com agentes antifúngicos específicos.
Os agentes antifúngicos orais com actividade sistémica contra dermatófitos incluem griseofulvina, itraconazol, fluconazol e terbinafina. Os azóis e a terbinafina são mais rápidos e amplamente eficazes que a griseofulvina.

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