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Este blog está a ser desenvolvido por alunos do 3º Ano de Farmácia, do Instituto Politécnico de Bragança, no âmbito da Unidade Curricular Farmacoterapia I. Neste espaço pretendemos abordar, ao longo do semestre, informação útil acerca de Infecções Fúngicas, nomeadamente as suas caracterizações patológicas e respectivos tratamentos farmacológicos.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Infecções Fúngicas Sistémicas

Coccidioidomicose



Coccidioides immitis
A coccidioidomicose (febre do Vale de São Joaquim ou granuloma coccidioidal) é uma infecção causada pelo fungo Coccidioides immitis, que geralmente afecta os pulmões.



Ocorre quer como uma afecção pulmonar ligeira que desaparece sem tratamento (a forma aguda primária), quer como uma infecção grave e progressiva que se estende por todo o organismo e é frequentemente mortal (a forma progressiva). Esta costuma ser um sinal de que o doente possui um sistema imunitário deficiente, geralmente devido à SIDA.



Os esporos de Coccidioides encontram-se no sudoeste desértico dos Estados Unidos, norte do México e em áreas dispersas da América Central e do Sul.


Ciclo de vida do fungo Coccidioides immitis

  • Sintomas

Os doentes que manifestem uma forma aguda primária, geralmente não apresentam sintomatologia. Se aparecerem sintomas, ocorrerão de uma a três semanas depois de a doença se ter produzido. Estes serão ligeiros, na maioria dos casos, e podem consistir em febre, dor no peito e arrepios. Podem também ter expectoração e ocasionalmente sangue. Algumas pessoas desenvolvem o chamado reumatismo do deserto, uma doença que consiste na inflamação da superfície do olho (conjuntivite) e das articulações (artrite) e na formação de nódulos na pele (eritema nodoso).
Lesões múltiplas na pele,
resultado da disseminação do fungo
nos pulmões

A forma progressiva da doença é quase rara, mas pode desenvolver-se ao longo de semanas, meses ou mesmo anos, depois de verificada a infecção aguda primária ou depois de se ter vivido numa zona onde a mesma é frequente. Os sintomas compreendem febre ligeira, perda de apetite, perda de peso e diminuição da força. A infecção pulmonar pode piorar, causando uma maior dificuldade em respirar. Pode ainda estender-se aos pulmões, ossos, articulações, fígado, baço, rins, cérebro e às membranas que o reveste.



  • Diagnóstico
O facto de se viver numa zona endémica ou que se acabe de regressar de lá pode constituir um facto muito importante para o diagnóstico da doença, no caso de haver sintomas. Posteriormente colhem-se amostras de expectoração ou pus do doente e enviam-se ao laboratório. As análises de sangue podem revelar a presença de anticorpos contra o fungo. Estes anticorpos aparecem no inicio do processo, mas desaparecem na forma aguda primária da doença, persistindo na forma progressiva.



  • Tratamento

A forma primária de coccidioidomicose costuma desaparecer sem tratamento e a recuperação geralmente é completa.

Para os doentes que apresentem a forma progressiva da doença, administra-se-lhes anfotericina B via endovenosa ou fluconazol por via oral. Também se pode administrar itraconazol.
As variedades mais importantes de coccidioidomicose progressiva disseminada são habitualmente mortais, especialmente a meningite (infecção das membranas do cérebro e da espinal medula).

A coccidioidomicose meníngea, usualmente, é tratada com a administração de fluconazol ou itraconazol (sendo que este último configura um fármaco de segunda escolha pela sua reduzida penetração no SNC). A administração intratecal de anfotericina B é recomendada somente no caso de não se obterem resultados com a terapêutica anteriormente referida, uma vez que a toxicidade deste fármaco administrado por esta via é significativa.

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